O Rio Grande do Norte registrou em setembro o maior índice de desperdício de energia renovável entre todos os estados brasileiros, de acordo com dados do Operador Nacional do Sistema (ONS) compilados pela consultoria CarpeVie em parceria com o CERNE. O estado foi responsável por 36,01% dos cortes de geração no país.
O fenômeno, conhecido como curtailment, ocorre quando usinas eólicas e solares precisam reduzir ou interromper a produção de energia devido à limitação na capacidade de transmissão para a rede elétrica. Este problema gera prejuízos econômicos e limita a expansão das fontes renováveis.
Segundo o presidente do CERNE, Darlan Santos, o setor renovável brasileiro já acumulou perdas superiores a R$ 5 bilhões, afetando diretamente a indústria de equipamentos e o mercado de emprego. A falta de infraestrutura adequada no Nordeste, principal polo de geração limpa, compromete toda a cadeia produtiva.
Em 2025, o RN ocupa a segunda posição nacional no desperdício de energia, atrás apenas da Bahia, com outros estados nordestinos também impactados, como Piauí, Ceará, Pernambuco, Paraíba e Maranhão. Jean Paul Prates, chairman do CERNE, alerta que o paradoxo entre expansão da geração limpa e cortes por infraestrutura insuficiente prejudica a reputação do país como potência renovável.
Para amenizar o problema, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) realiza em outubro de 2025 um leilão de transmissão com expectativa de R$ 5,5 bilhões em investimentos, voltados ao reforço da malha elétrica, especialmente no Nordeste. A medida busca garantir que a energia renovável gerada seja integralmente aproveitada, incentivando o crescimento sustentável do setor.